Falares
Vem esta a propósito de resposta do besugo a uma das minhas diatribes. Sem qualquer verrina, pois gosto do besugo e o mucho é um da meia dúzia de blogs que procuro não perder de vista, mesmo naquelas semanas em que já não vejo grande coisa. (Sete, se contarmos com o de casa, porque também espreito o GF, na sempiterna esperança que as quatro belas adormecidas residentes tenham acordado).
Claro que o sotaque de Lisboa e as afectações da fauna "tiazôca" são realidades bem diferentes. A fauna é um subproduto sem berço, sem eira nem Trás-os-Montes, que diz por dizer e faz por fazer. Já o sotaque é franqueza de berço, a par do Tejo, das colinas e desta luz gloriosa. É uma glutonice de vogais mudas, um ciciar doce em cada ésse (in)finito, a rima quebrada de vejo com beijo… Só que às vezes dá-me a impressão que as mistura, caro bsugo (está a ver, comi esta vogal sem qualquer afectação).
Mesmo assim, fui injusta ao enfiá-lo na cama com o exegeta coimbrão da arte de bem pronunciar toda a sela. Ou sêla, que uma vogal aberta é alvo fácil e deve ser tratada como espécie protegida.
É que não tomo os seus nervos perante a afectação como sintoma de menoridade, os nervos besugais são do mais genuíno que por estas bandas se encontra. Mas, no caso, é um pedaço esbanjamento de fêvera. O desprezo sobranceiro basta e faz menos mal à cútis. Se bem que quem nasce escamado não deva estar nem aí para a tez (raios, podia ter resistido ao trocadilho dermo-piscícola). E tinha lido a história das primas, revendo-me na indignação do puto besugal. Fez-me lembrar duas que tais, tontinhas muito safardanas, que eu tinha para os seus lados e a quem aturava a toleima nas longas férias d’outrora, em anedotas algo invertidas, salvo seja. O que nos leva a novo busílis: para quê desperdiçar nervos de boa fêvera, com ou sem origem certificada, em carne de minhoca?
(Claro que o Beto não conta. Em caso algum.)
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